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A escola
tantas vezes um obstáculo para crianças inteligentes |
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As crianças e os jovens crescem hoje num
enquadramento social e cultural modificado,
bastante mais complexo e incerto, com a
disseminação da violência, convivências
multiculturais, e instabilidades da coesão
familiar, a forte concentração urbana nas
grandes cidades, as rápidas inovações
tecnológicas e as preocupações ecológicas são
alguns dos aspectos que marcam as crianças e
jovens que passam pela escola.

Ao entrar para a escola, a criança fica
determinada à situação de sucesso/insucesso
escolar, na medida em que fica condicionada a
uma aprendizagem por objectivos, de acordo com
os programas de ensino para cada ano escolar, e
onde é apreciada e avaliada.
Se o controle e avaliação, ao longo do ano
escolar, for positivo, significa que a criança
conseguiu alcançar os objectivos de
aprendizagem, recuperou e ultrapassou fortuitas
dificuldades, interiorizou e aprendeu tudo o que
a escola lhe propôs nas actividades escolares.
Nestas condições, está apta para transitar para
o ano seguinte, ou seja, está em situação de
sucesso escolar.

Se, contrariamente, a avaliação for negativa,
significa que a criança não atingiu os
objectivos propostos e as condições necessárias
para transitar de ano. É considerada inapta,
isto é, está em situação de insucesso escolar.
O insucesso escolar traduz-se, normalmente, em
dificuldades de aprendizagem, em fenómenos de
repetição do ano, levando muitas vezes, ao
abandono precoce da escola sem o cumprimento da
escolaridade obrigatória.
Todas estas facetas traduzem, na realidade, uma
falta de adaptação aos objectivos que dirigem a
escola. Esta não adaptação liga-se com as
dificuldades vividas entre tudo aquilo que a
escola envolve: leis, normas, costumes,
tradições, programas, regras, teorias, técnicas
e praticas de ensino e educação.

As nossas crianças ao principiarem o seu
percurso escolar apercebem-se com um mundo de
exigências, programas, matérias e objectivos que
lhes condicionam o seu bem estar escolar.
Esquecemos de promover o prazer de aprender pois
temos de cumprir os programas, não respeitamos
os tempos nem os ritmos de cada criança pois as
exigências de sucesso escolar não o permitem,
não promovemos a solidariedade porque temos
objectivos não solidários a cumprir, isto é, os
resultados.
Não estamos preparados para a diversidade, para
a diferença, nem para respeitar as
características de cada criança. Apenas as
obrigamos a cumprir objectivos que nem sequer se
tem a certeza de serem os mais adequados às
exigências desta sociedade em permanente
mutação. Se cada um de tiver a capacidade de se
colocar no lugar do outro e avaliar as suas
próprias vulnerabilidades, podemos concluir que
pais, professores e sociedade em geral são
responsáveis por estas situações por vezes tão
radicais, altamente selectivas e muito
negativas..
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